sábado, 27 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Por um tratamento equitativo para músicos que viajam de avião com seus instrumentos. FACILITAR AS VIAJENS DE AVIÃO PARA INSTRUMENTISTAS Parece que a repercussão internacional que teve o episódio das greves dos funcionários da alfândega do aeroporto de São Paulo permitiu aos músicos da OSESP recuperarem a tempo seus instrumentos para o concerto de sexta à noite. O Guarnieiri de Yuzuko Horigome (ver íltima carta da AmiRéSol) lhe foi sequestrado em Berlim, apesar das reações da imprensa internacional. Aproveitamos esse episódio para chamar a atenção para esta petição que tem por objetivo pressionar as companhias aéreas a autorisar os passageiros a viajar com seus instrumentos na cabine. Já temos 35.000 assinaturas. São ainda necessárias mais 6.000 assinaturas para que o artigo 261/2004 seja reexaminado pelas instâncias europeias. O link segue abaixo. OBRIGADO POR FAZER CIRCULAR MASSIVAMENTE
domingo, 14 de outubro de 2012
“É minha classe, a classe dos ricos, que conduz esta guerra e está ganhando” (publicado em L’Humanité, sexta-feira 5, sábado 6 e domingo 7 de outubro de 2012, p. 12.)
“É minha classe, a
classe dos ricos, que conduz esta guerra e está ganhando”[1]
Por Gérard Maugé[2],
sociólogo, diretor de pesquisa no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica)
Há um problema novo, as classes
dominantes saíram da sombra. Bernard Arnault[3]
acaba por exemplo de dar sinal de vida ao público, fazendo aparecer a visibilidade
de seu universo, extravagante para o comum dos mortais. Inversamente,
assistimos a uma espécie de eclipse da classe trabalhadora, no universo da
representação política com o declínio do PCF[4], e
na cena cultural: o personagem que durante longo tempo encarnou a classe
trabalhadora, o metalúrgico, foi substituído pelo boeuf[5],
numa espécie de racismo de classe insuportável.
Desapareceram também as
representações teóricas com o declínio da referência marxista no campo
intelectual. Apesar de tudo, isso não significa o desaparecimento dos operários
da cena francesa. Os trabalhadores representam 20% da população ativa. E se a
gente soma os assalariados, fica mais de 50% da população ativa. O que quer dizer
que metade da população ativa tornou-se invisível. Parte da explicação se
encontra nessa espécie de vociferação de Warren Buffett, durante um tempo o
homem mais rico do mundo. Ele dizia no canal CNN em 2005: “Há uma guerra de classes, isso é fato. Mas é a minha classe, a classe
dos ricos, que está ganhando”. Se as classes populares tornaram-se
invisíveis, é porque perderam.
Há uma distinção entre a classe
teórica e a classe real, entre a condição de classe e a consciência de classe.
A classe em si e a classe para si mesma. A classe em si se define, na
perspectiva marxista, por seu lugar no processo de produção. Na perspectiva de
Bourdieu que eu adoto e que se inscreve um pouco em ruptura com certos
economistas marxistas, é a posição ocupada na distribuição do capital econômico
mas também do capital cultural. Quanto à classe para si mesma, trta-se de um
grupo capaz de se reconhecer numa identidade coletiva, capaz de se mobilizar
pela defesa de interesses compartilhados e, na profecia marxista, para tornar
real uma sociedade sem classe.
Na perspectiva de Bourdieu, as
experiências que cada um tem na vida são da interiorização individual de um
“habitus de classe”. Quer dizer de
afetos (gosto ou não gosto...), expectativas (isso é para mim, isso não...). É
uma relação com o mundo que se exprime numa maneira particular de falar ou de
ser, numa afinidade de gostos, numa forma de sociabilidade. Esse habitus de
classe é mais próximo de um inconsciente de classe do que de uma consciência de
classe.
A visão marxista do espaço social
dividido em classes antagônicas está ultrapassada na sociedade francesa
contemporânea. Isso se faz sob o golpe da tese da “medianização” da sociedade
francesa, da desfidelização (não há mais classe, senão indivíduos) e enfim
da importância que ganharam as clivagens perpendiculares sobre as de classe: de
gênero, de idade ou de raça.
E o que foi feito do voto de
classe? 15% dos operários dizem ter confiança na esquerda, 7% na direita e 78%
nem na esquerda nem na direita. Este resultado parece invalidar totalmente a
hipótese de um voto de classe. Pode-se ver aí sobretudo os efeitos das múltiplas
transformações do campo político que levam os que se estão mais distanciados a
considerá-lo indistinguível.
Então o que fazer? Pode se tirar
desse esboço de análise alguns ensinamentos para as lutas políticas, científicas
ou midiáticas a serem travadas. É preciso primeiramente restituir ao critério
de classe o lugar central que é seu numa representação científica do mundo
social sem ignorar as outras clivagens. Em segundo lugar, é preciso reivindicar
uma visão realista das classes populares na sociedade, sem cair no
miserabilismo ou no populismo, mas com o cuidado de reconquistar uma
visibilidade que corresponde a um grupo numericamente majoritário e de
reabilitar um grupo economicamente e politicamente desqualificado. Enfim, é
preciso reconstruir uma representação política, quer dizer, uma expressão e uma
organização na qual as classes populares possam se reconhecer.
_________________________________________________________________________________
[1]
Publicado em L’Humanité, sexta-feira
5, sábado 6 e domingo 7 de outubro de 2012, p. 12.
[2]
Última publicação do autor, com Frédéric Lebaron, Lecture de Bourdieu, éditions Ellipses, 2012, 400 páginas, € 27,40.
[3]
Atual presidente e diretor executivo da LVMH Moët Hennessy, Louis Vuitton S.A.
Ou simplesmente LVMH, é uma holding
francesa especializada em artigos de luxo. Foi formado pelas fusões dos grupos
Moët et Chandon e Hennessy e, posteriormente, do grupo resultante com a Louis
Vuitton (fonte: Wikipédia).
[4]
Partido Comunista Francês
[5]
Beauf [pronunciado / bof /] é um termo francês que descreve uma pessoa que é
uma combinação de vulgar, sofisticada, inteligente, arrogante, insensível e
chauvinista, sem qualquer gosto pela etiqueta ou boas maneiras. Um "beauf"
está sempre pronto para tirar conclusões precipitadas e ter ideias prontas sobre
questões sociais complexas, com base em uma análise insuficiente dos fatos, mas
apresentado como sendo de senso comum (fonte: Wikipédia).
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
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